segunda-feira, 31 de agosto de 2009

As sete lágrimas de um preto velho




Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, pitando o seu cachimbo, um triste preto-velho chorava. De seus olhos molhados, esquisitas lágrimas desciam-lhe pelas faces e não sei porque contei-as... Foram sete.


Na incontida vontade de saber aproximei-me e o interroguei. Fala, meu preto-velho, diz ao teu filho por que externas assim uma tão visível dor?


E ele, suavemente respondeu: Estás vendo esta multidão que entra e sai? As lágrimas contadas estão distribuídas a cada uma delas.


A primeira, eu dei a estes indiferentes que aqui vem em busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber...


A segunda a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um milagre que seus próprios merecimentos negam.


A terceira, distribui aos maus, aqueles que somente procuram a UMBANDA, em busca de vingança, desejando sempre prejudicar a um seu semelhante.


A quarta, aos frios e calculistas que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma e não conhecem a palavra gratidão.


A quinta, chega suave, tem o riso, o elogio da flor dos lábios mas se olharem bem o seu semblante, verão escrito: Creio na UMBANDA, nos teus caboclos e no teu Zambi, mas somente se vencerem o meu caso, ou me curarem disso ou daquilo.


A sexta, eu dei aos fúteis que vão de Centro em Centro, não acreditando em nada, buscam aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente.


A sétima, filho, notas como foi grande e como deslizou pesada? Foi a última lágrima, aquela que vive nos olhos de todos os Orixás. Fiz doação dessa aos Médiuns vaidosos, que só aparecem no Centro em dia de festa e faltam as doutrinas.
Esquecem que existem tantos irmãos precisando de amparo material e espiritual.


Assim, filho meu, foi para esses todos, que viste cair, uma a uma
AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO-VELHO.

sábado, 15 de agosto de 2009

Morro um pouquinho a cada dia


Nenhum amor acaba de uma hora para outra. Ocorre todo um processo, antes de se ter consciência de que realmente acabou. Nem sempre percebemos estes sintomas, que avisam e gritam que algo está errado. Muitas vezes, estamos tão apaixonados, enlevados pela doce sensação, de, talvez depois de muito tempo, amar alguém profundamente.

Não percebemos que a pessoa, a quem entregamos o nosso coração, a quem contamos os nossos mais profundos segredos de alma, mudou.

Nosso instinto sabe sim, que algo está errado. Mas, talvez, para não querer sair do mundo de tanta magia, que estamos vivendo, ignoramos propositalmente os sinais.

Não notamos que nosso parceiro está com os olhos distantes, que se ausenta, que está meio calado. Não queremos acreditar que algo vai mal. Afinal, amamos tão profundamente e estamos tão felizes, que é insuportável pensar que a outra pessoa não esteja sentindo a mesma coisa por nós.

Damos o nosso máximo Entregamos a nossa mais pura essência. Flutuamos, em vez de andar e ficamos bobinhos, sorrindo e cantarolando o tempo todo.

Então, num belo dia, nosso mundo todo desaba. A pessoa nos confessa, que não nos ama mais. Que não é isso que quer. Que não corresponde plenamente aos nossos tão intensos sentimentos. Não podemos crer que isso realmente esteja acontecendo. Parece um sonho ruim.

Como que não percebemos antes? Por que fomos tão longe, sem fazer uma avaliação mais racional?

A primeira reação é de profundo desespero. O chão some sob nossos pés, o corpo começa a tremer e o coração quase pára de bater. O ar some de nossos pulmões e achamos que vamos morrer de tanta dor. Tudo perde o sentido. A vida se torna cinzenta, e nada, absolutamente nada, pode aliviar esta sensação de quase morte.

E agora? O que fazer com o grande baú de sonhos que sonhamos juntos? O que fazer com os tantos planos e metas que elaboramos, para uma vida a dois? Momentaneamente, tudo parece acabar. Mas, logo percebemos que nada podemos fazer. Ligamos, implorando para que reconsidere. Mas a pessoa é taxativa e não tem volta.

Esta constatação nos atinge com o poder de uma lâmina, dentro do coração, e arranca todo e qualquer vestígio de esperança. E, como sonâmbulos, passamos a vagar pelos dias e noites que se seguem. Chorando copiosamente, sem sentir fome, sem ter noção das horas.

Os dias passam, e então, os sentimentos confusos, que vão desde a mágoa profunda, até a raiva mais intensa, derramam também a culpa dentro da gente.

Passamos a achar que o erro está em nós. Que poderíamos ter feito mais. Que não somos bons o suficiente, ou ainda, que não merecemos ser amados.

Esta é a coisa mais injusta que fazemos com nós mesmos. Mas, faz parte do processo. E PASSA! ACREDITE NISSO!

A profunda saudade começa a pesar, e o vazio nos avisa que precisamos tomar uma atitude. Perdemos uma parte de nós mesmos, mas precisamos recomeçar por alguma ponta. Jogar-se de corpo e alma dentro dos afazeres, trabalhar muito, ocupar a mente, para evitar pensar é a estratégia mais usada. É uma espécie de blefe que funciona parcialmente. Chegamos tão cansados, que dormimos sem fazer força. Mesmo que nossas noites sejam povoadas por pesadelos. Mas, a noite passa e um novo dia sempre chega. E mais um. E mais um.

E, a dor finalmente dá uma pequena trégua. Muito timidamente, começamos a sorrir outra vez. Passamos, novamente, a prestar atenção aos detalhes da vida, e despertamos lentamente, desse estágio de hibernação da alma, que ficou mergulhada na dor.

Erros? Não houve erros. Faltou foi sintonia. Não era para ser. Por mais amor que doássemos, não foi para a pessoa certa. Então, meio a contragosto, olhamos para trás. E lá está escrito, que esta pessoa era muito diferente do modelo de amor, que trazíamos escrito em nossa memória. Não era tanto amor assim, afinal de contas. Nem da nossa parte. Foi sim, algo maravilhoso que vivemos, mas passou. Fez parte das provas da vida. Do nosso crescimento pessoal. Talvez nos mostrou a NOSSA GRANDE CAPACIDADE DE AMAR. Como temos um coração lindo! Ele ama, sem ressalvas e se entrega totalmente. Esta é a lição que deve permanecer. Somos tão plenos de sentimentos! E, neste Universo tão intenso de almas lindas, deve ter alguém, em algum lugar, sonhando exatamente com alguém como a gente. E se chamarmos? Hum, quem sabe! Vamos conectar o nosso pensamento, nos enfeitar lindamente, espalhar rosas e versos, dentro de nosso coração, e ESPERAR. Tenho certeza absoluta, que em alguma curva da estrada, estará esperando por nós, o NOSSO GRANDE E VERDADEIRO AMOR! Vamos ao encontro dele!!!

sábado, 8 de agosto de 2009

Pedras no caminho e enfim

Pedras no caminho? Guardo todas. Um dia construirei um castelo!


Estou apaixonado e isso parece incrível. Depois de achar que nunca mais iria amar outra pessoa. Depois de achar que a minha alma gêmea não existe. Depois de entrar e sair de uma profunda depressão. Depois de enlouquecer completamente e se alienar da vida, entrando num mundo que talvez não tivesse volta. Depois disso tudo eu me apaixonei e consegui uma namorada. Enfim!