sexta-feira, 3 de maio de 2013

Minha pátria


Pátria torta, torpe e tonta
Tanta obra atrás do tempo
Tanto homem ao relento
Muito falta pra estar pronta

Pátria minha, minha e nossa
Minha nossa! Quanta morte
Quanta vida sem um norte
Muita falta faz a roça

Pátria artista, triste e tola
Qual futuro te espera?
Pois que mudes nesta era

Não te sejas tão à toa
Pátria rica, grande e linda
Linda pátria, vá à guerra

Brasil com S


Moleque, desce da jabuticabeira
Menino, volte pra aqui que a mãe te chama
Guri, tu tira esses pé da água
Moço, me faz um fiado pr'eu levar

A manga tá verde ainda, espera
Se a cana não tiver roxa, não vou cortar
Butiá maduro é ruim pra canha
O almoço tá servido, sai desse pomar

Dengo, foi tudo bem na feira?
Meu nego, tira a roupa e vem me amar
Para de sem vergonhice e zona
Quem é essa china agora? Eu vou matar

Moleque, esquece o bicho e vai dormir
Benzinho, não tem nada lá eu juro
Piá, larga de frescura e te encolhe
Mas filha, acorda, que o mundo é duro

domingo, 24 de março de 2013

FODA

Sabe o que é foda? É perder a melhor amiga, sem motivo algum! E o que é mais foda do que isso? É ela estar feliz e completa e nem se incomodar em tentar me achar. O foda é eu não ser necessário na vida de ninguém. É eu não fazer falta, ou fazer falta, mas não o bastante pro outro vir falar comigo. O foda é ela estar feliz sem mim, e eu estar miserável e deprimido sem ela. Mas o foda mesmo, é eu achar que ela está melhor sem mim, e acreditar que a felicidade dela vale mais do que a minha. O foda de verdade é saber que ela merece ser feliz mais do que eu. E, mesmo que me mate, se ela tá feliz sem mim,, eu quero que continue assim. Só queria que, pelo menos, ela não me esquecesse

terça-feira, 19 de março de 2013

O que dói

O que dói? Dói estar sozinho no mundo. Dói ser adulto por acidente, de repente, sem querer. Dói ter que aceitar a vida como ela é, porque não a pode mudar.
Dói ter tanta coisa pra fazer e acabar não fazendo nada. Querer e tentar dar o melhor pro filho que nem é meu. Dói dar tudo e receber quase nada em troca. Dói ser fortaleza, muralha, defensor contra o mundo. Tomar todas as dores sem que ninguém perceba. E continuar firme e forte, pronto pra mais flechas, e tiros, e ofensas, e desrespeito, e descompaixão, e você-não-é-meu-pai... Dói não ser o pai. Dói não ser o bastante. Nunca. Dói não ser nada.
Dói ser um moleque tendo uma casa, um filho, uma mãe, uma propriedade, uma faculdade, um emprego. E não ter ninguém com quem contar. Dói ter que ser tudo pra todo mundo, quando não sem tem alguém pra ser tudo por mim. Dói ter que estudar francês, pra poder cursar a faculdade; direito, pra que a mãe não caia num golpe; medicina, pra que a mesma não seja cobrada por exames inúteis; pedagogia, pra ensinar ao filho o que a professora não sabe ensinar; e psicologia, pra poder organizar tudo isso em um cérebro TDAH.
Dói me sentir inútil por não conseguir ajudar todo mundo. E dói não poder me ajudar e não conseguir encontrar ninguém que me ajude. Dói porque a vida dói.

quinta-feira, 14 de março de 2013

E aí a gente não pode desabafar com a amiga, porque ela acha que a gente tá apaixonado por ela. E tudo que falamos, é sobre ela. E então ela para de falar com a gente.
E a gente tá solteiro, e perde a única pessoa com qual podíamos desabafar. E a gente fica sozinho.E cada vez mais sozinho. Aí os outros amigos perguntam o que a gente tem. E a gente responde: nada, eu sou assim.
Até que a gente realmente se torna assim.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O paradoxo da vaca

"Um homem sem muitas condições financeiras ganha uma vaca de presente. Apesar de ter leite diariamente, o homem sente fome e passa a ponderar sobre o que fazer para conseguir comida:
- Poderia matar a vaca e ter carne por alguns dias; mas perderia seu único bem
- Poderia vender a vaca e comprar comida com o dinheiro; mas quando o dinheiro acabasse, estaria do mesmo modo
- Poderia usar as fezes da vaca como adubo e plantar vegetais; mas até a colheita, ele já teria morrido de fome
Eis a questão: o que fazer com a tal vaca?"

O paradoxo da vaca, de Léo Ottesen, é usado para demonstrar a fragilidade de fatores positivos diante de escolhas erradas. Mesmo tendo um caro e útil animal, o homem não consegue decidir o que fazer para saciar suas necessidades.
Neste contexto, o homem é o próprio ser humano, que tem tudo de que precisa ao seu alcance, porém, não sabe como utilizar tais bens e acaba por buscar maneiras de facilitar seu raciocínio - para não precisar pensar no que fazer com a vaca -.
A ideia do autor é demonstrar que a mente humana dificilmente sabe lidar com o que consegue, e, portanto, tenta desesperadamente buscar novos recursos, mais simples e práticos.