quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Angel

Certa vez, eu li em algum lugar que amizade são dois corpos dividindo uma só alma. E acho que é verdade. Essa música fala exatamente isso. É só trocar "lips" por "cheeks."
Fran, eu te amo!


Dê lembranças aos devastados

                                                       Dedicado a todo aquele que se sentir sem voz nesse mundo torto.
                                          Pra ouvir: Times like these - tanto a do Jack Johnson quanto a da Foo Fighters

Dessa vez, ninguém levou celular. Quase um pedido silencioso de que não se deveria incomodar. Ninguém foi convidado, tampouco, mas estavam todos lá. Como que uma daquelas idéias que não precisam ser comunicadas, uma a um foram chegando e empoleirando-se como pássaros nas janelas gastas do velho e conhecido casarão da rua. Aqueles pombos sujos e suas bebidas, suas músicas estranhas e seu riso alto demais na madrugada, pensariam os vizinhos, mas não havia ninguém ali.

Não mais.

As máquinas descansavam no fim da rua. Teriam um dia agitado amanhã. Eles riam mais baixo quando as olhavam, pra não despertá-las. Não havia música desconhecida dessa vez. Ninguém ali queria vê-las trabalhando, apesar de saber que na segunda, às oito em ponto, tudo que um dia fora verdade e morada, seria apenas lembranças.

Pra que diabos as pessoas precisam de tantos shoppings?!

Já não havia lojas suficientes nessa cidade? Pra que outro maior se quase ninguém tinha dinheiro pra ir aos que já havia? E por que justo aquela rua? Justo aquele casarão? Porque atingir logo os devastados? Que esses porcos capitalistas gastem seu dinheiro e suas vidas vazias em outro lugar, não no cemitério das lembranças alheias.

Esses palhaços que armem seu circo em outro lugar, pensarão e sabiam disso, mas ninguém disse nada. Uma pena que não era escolha deles. Porque devastados não tem voz num mundo onde o dinheiro vale mais que a vida de cada um. Mas, eles eram apenas isso: Devastados. Desses que gostavam de andar com outros devastados. Desses que trazem bebidas, música e um milhão de pedaços de alma pra colar, de lembranças quase destruídas, amores tortos, de ideias inovadoras e sorrisos bobos de álcool.

Ninguém liga pra o que você pensa e agora é hora de ir. Antes que os seguranças e seus cachorros venham e te expulsem do teu lar. Um a um, assim como chegaram, desceram da janela. Um a um tomaram um rumo diferente daquele que costumavam tomar. Um a um pararam no fim da rua e ficaram olhando. Os quatro olharam o casarão, cada um embaixo de um poste de luz amarela nojenta, sentindo um frio diferente em seus casacos. Um a um eles choraram.

Em cada canto da rua que não existe mais, há uma lágrima de um devastado.

Nessa Terra de Gigantes, que trocam vidas por diamantes.
A juventude é uma banda numa propaganda de refrigerantes.

Por Ilzy Sousa via

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Ainda - Paulinho Moska


Lembrei de uma pessoa com essa música e resolvi compartilhar. Juuh, essa é pra ti *-*


Ainda que seja perda de tempo
Fixar meu pensamento em você
Ainda que meu coração dispare
Toda vez que eu diga pare de me bater
E mesmo que o silêncio me apavore
E que o encontro só demore acontecer
Ainda que a flor na sua boca
Não esteja no momento de colher
Bem vinda
Amiga
Aonde vamos beber?
A vida ainda brinda
Nosso amanhecer
Ainda que o desejo esteja preso
Na cadeia do desprezo que você me dá
Ainda que a saudade do futuro
Te contemple atrás do muro, estou lá
E mesmo que a viagem prometida
Seja só uma mordida no meu calcanhar
Ainda que a única saída
Seja tratar da ferida que ficou no seu lugar
Bem vinda
Amiga
Aonde vamos beber?
A vida ainda brinda
Nosso amanhecer
Ainda que a nuvem seja apenas de fumaça
Toda graça é cristal
Ainda que o amor seja de graça
A pobreza me abraça no final
E mesmo que o caminho seja sonho
Pesadelo tão medonho eu vou dormir
Ainda que eu pareça tão tristonho
De nada me envergonho, não vou fugir
Bem vinda
Amiga
Aonde vamos beber?
A vida ainda brinda
Nosso amanhecer

domingo, 14 de agosto de 2011

A Princípio



De norte a sul, de leste a oeste, todo mundo quer ser feliz. Não é tarefa das mais fáceis. A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda  mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos,sarados, irresistíveis. 
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica, a bolsa Louis Vitton e uma temporada num spa cinco estrelas.
E quanto ao amor? Ah, o amor… não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando.
Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário,queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Por que só podemos ser felizes formando um par e não como pares? Ter um parceiro constante, não é sinônimo de felicidade, a não ser que seja a felicidade de estar correspondendo a expectativas da sociedade, mas isso é outro assunto. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com parceiros, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.
Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como  um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.
Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o
que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um game onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo.
Martha Medeiros

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Eros

Por onde anda você?
Eu não vejo mais sentido nas coisas. Tudo parece tão cinza, tão vazio. Sim... o Sol ainda nasce todas as manhãs, a Lua brilha no alto, o dia ainda tem vinte-e-quatro horas e cada hora é sessenta longos minutos cheios de nada. Mas tudo está diferente.
Estou presa em uma grande confusão, que é tão grande quanto a saudade que sinto por você. Uma confusão tão confusa que nem tem sentido de existir. Afinal, como eu pude me perder em uma estrada reta?
O vinho não tem sabor, acabou o aroma da flor... É, aquela flor que você deixou plantada no vaso trincado a que chamo coração, pois ela ainda está viva. Viva... puro eufemismo. Ela está radiante e pronta para ser regada novamente a cada manhã. Às vezes eu rego, às vezes não. Essa minha irresponsabilidade e minha mente confusa acham que se eu deixar de regar por um dia, a flor vai morrer. Mas não. Ela brilha ainda mais forte. Como foi mesmo o nome que você deu a ela antes de partir...? Esperança, não é? Isto mesmo! A Rosa da Esperança. Que não morre... maldita.
Lembra quando nós nos deitávamos sob as estrelas e você cantava para mim? Eu lembro. Ninguém mais cantou depois que você partiu. Nem eu, nem as estrelas. Estamos caladas, esperando o seu retorno.
Sabe que eu vi um senhor na praia por esses dias e ele me lembrou você. Dizia "moça, pára de chorar. Isso não vai fazer ele voltar." E eu pensei: como ele sabe que eu estava chorando por você? Deve ser coisa da idade... "Experiência de vida, não idade!" - Disse-me depois. Seu nome é Cronos. Acho que vou pôr esse nome no nosso filho, o que acha?
Bobagem, eu sei. Quê filho? Enfim... Já está tarde e eu tenho que acordar cedo para arrumar a casa, afinal, nunca se sabe quando alguém virá me visitar. Se você quiser aparecer para me dar um abraço ou mesmo para colocarmos o papo em dia, tudo bem. Não precisa nem passar a noite aqui. Enquanto isso, eu vou tocando a minha vida. Só não demore muito, por que eu não vou mais regar a sua flor.

Sinceramente,
Solidão.