segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Eros

Por onde anda você?
Eu não vejo mais sentido nas coisas. Tudo parece tão cinza, tão vazio. Sim... o Sol ainda nasce todas as manhãs, a Lua brilha no alto, o dia ainda tem vinte-e-quatro horas e cada hora é sessenta longos minutos cheios de nada. Mas tudo está diferente.
Estou presa em uma grande confusão, que é tão grande quanto a saudade que sinto por você. Uma confusão tão confusa que nem tem sentido de existir. Afinal, como eu pude me perder em uma estrada reta?
O vinho não tem sabor, acabou o aroma da flor... É, aquela flor que você deixou plantada no vaso trincado a que chamo coração, pois ela ainda está viva. Viva... puro eufemismo. Ela está radiante e pronta para ser regada novamente a cada manhã. Às vezes eu rego, às vezes não. Essa minha irresponsabilidade e minha mente confusa acham que se eu deixar de regar por um dia, a flor vai morrer. Mas não. Ela brilha ainda mais forte. Como foi mesmo o nome que você deu a ela antes de partir...? Esperança, não é? Isto mesmo! A Rosa da Esperança. Que não morre... maldita.
Lembra quando nós nos deitávamos sob as estrelas e você cantava para mim? Eu lembro. Ninguém mais cantou depois que você partiu. Nem eu, nem as estrelas. Estamos caladas, esperando o seu retorno.
Sabe que eu vi um senhor na praia por esses dias e ele me lembrou você. Dizia "moça, pára de chorar. Isso não vai fazer ele voltar." E eu pensei: como ele sabe que eu estava chorando por você? Deve ser coisa da idade... "Experiência de vida, não idade!" - Disse-me depois. Seu nome é Cronos. Acho que vou pôr esse nome no nosso filho, o que acha?
Bobagem, eu sei. Quê filho? Enfim... Já está tarde e eu tenho que acordar cedo para arrumar a casa, afinal, nunca se sabe quando alguém virá me visitar. Se você quiser aparecer para me dar um abraço ou mesmo para colocarmos o papo em dia, tudo bem. Não precisa nem passar a noite aqui. Enquanto isso, eu vou tocando a minha vida. Só não demore muito, por que eu não vou mais regar a sua flor.

Sinceramente,
Solidão.

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