terça-feira, 13 de setembro de 2011

Chão de giz

É tão estranho como os tortuosos caminhos da vida são muitas vezes floridos e incríveis, não é mesmo?

Vou fazer uma pequena cópia de uma postagem que li em um blog de um dos meus maiores amores e vou falar sobre uma música que sempre gostei, mesmo sem entender.
Agora que consegui uma interpretação razoavelmente boa da letra, tudo faz sentido! "Chão de giz", do grande Zé Ramalho, é uma dessas músicas que me definem. E quem me conhece de verdade sabe do que eu estou falando.
Abaixo, o vídeo do mestre e meu grande inspirador Oswaldo Montenegro interpretando esse belo desabafo romântico e, logo depois, a letra e o seu significado.



Eu desço dessa solidão
Espalho coisas sobre
Um Chão de Giz
Há meros devaneios tolos
A me torturar
Fotografias recortadas
Em jornais de folhas
Amiúde!
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes...
Disparo balas de canhão
É inútil, pois existe
Um grão-vizir
Há tantas violetas velhas
Sem um colibri
Queria usar quem sabe
Uma camisa de força
Ou de vênus
Mas não vou gozar de nós
Apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom...
Agora pego
Um caminhão na lona
Vou a nocaute outra vez
Prá sempre fui acorrentado
No seu calcanhar
Meus vinte anos de "boy"
That's over, baby!
Freud explica...
Não vou me sujar
Fumando apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom
Quanto ao pano dos confetes
Já passou meu carnaval
E isso explica porque o sexo
É assunto popular...
No mais estou indo embora!
______
"Eu desço dessa solidão
espalho coisas sobre um chão de giz
há meros devaneios tolos a me torturar
fotografias recortadas em jornais de folhas,
amiúde"

Quando se está sozinho, se imagina coisas que nem sempre são reais, um chão de giz é um lugar onde se pode rabiscar com giz, se está chovendo, voce pode desenhar um sol, criar o que voce quiser, por isso ele diz que são devaneios, que torturam porque podem nunca se tornar realidade, como fotos de coisas que nunca aconteceram. amiúde significa novamente, muitas vezes, como se fosse algo que jamais termina.

"eu vou te jogar
num pano de guardar confetes." pode ser uma alusão a carnaval, a fantasia, que esta pessoa sempre será uma fantasia.

"disparo balas de canhão, é inútil pois
existe um grão-vizir" Um grao vizir é aquele que comanda logo abaixo de um sultão. como se as balas de canhoes não teriam efeito algum se tal força vinda da aprovação deste soberano não permitisse esse mal.

"há tantas violetas velhas
sem um colibri " bom, essa eu não sei mesmo... o que violetas tem a ver com colibris?

"queria usar quem sabe
uma camisa de força, ou de vênus.... "
A camisa de força sao para loucos e a camisa de venus é a camisinha, ou ele está louco ou deveria largar tudo por uma boa noite de sexo, que ia ser melhor.

"mas não vou gozar de nós" 2 sentidos não? não vou rir dessa nossa situação de sonhadores ou não vou ejacular mesmo porque estou de camisinha!

"apenas um cigarro
nem vou lhe beijar
gastando assim o meu batom" Depois do sexo, o melhor é um cigarro. Pode até ser que ele julgue que sexo, na comparação com sonhos, não merece nem que se tire o batom, seja algo carnal e só carnal.

"agora pego um caminhão
na lona vou a nocaute outra vez
pra sempre fui acorrentado
no seu calcanhar"
O caminhão era uma das mais populares maneiras de pegar carona, a lona pode ser uma referencia tanto a lona do caminhão quanto ao ringue, onde ele se sente derrotado, porque este tempo todo esteve acorrentado a um calcanhar, ou seja, preso a uma fraqueza calcanhar=calcanhar de aquiles=fraqueza.

"meus vinte anos de ¨boy¨
¨that’s over baby¨ - freud explica"
Boy, além de ser um menino, moleque, era playboy, garoto rico que não tem valor pelas coisas, Mas isso é passado, claro que só freud explica que tudo o que somos agora é por causa de nosso passado, talvez o fato dele ser sonhador e ter as visões que tem de sexo e tudo o mais seja relacionado a época em que era um "boy".

"quanto ao pano dos confetes
já passou meu carnaval
e isso explica porque o sexo
é assunto popular."

Carnaval é úma época festiva, de comemorações e folias, e esse tempo já passou para ele. da mesma maneira que ele banaliza o sexo nas frases acima ele explica mais uma vez que o sexo vira assunto popular para os que ainda vivem na folia, nos que ainda estão vivenciando o carnaval.

"no mais estou indo embora..."]
E por fim, ele está deixando tudo isso para trás, os sonhos, o chão de giz, o sexo carnal!



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