Ela se mudou para a rua onde ele nasceu e cresceu. De vez em quando trocavam, tímidos, oi e tchau. Era isso. Só isso.
Logo que a adolescência começou a mostrar sua garras, a amizade cresceu mais e mais. Ela estava chorando na grama da calçada e ele chegou. Sentou-se ao lado dela, calado, e ali permaneceu. Os dois trocaram olhares, após longos minutos de silêncio e lágrimas. Obrigada. - Disse ela. E ele sorriu.
Meses se passaram e os dois se tornaram melhores amigos. Ela o ajudava a conquistar as garotas, a ter coragem de falar com elas. Ele enxugava suas lágrimas, quando algum menino a desapontava.
Era uma amizade sincera. Dessas que me emociono ao ver. E que muitas pessoas invejam. Eu também, assumo.
Uma irmandade cristalina. Pura. Delicada e, ao mesmo tempo, formada em laços fortes.
Ele não era um menino que se comente, ou que se note. Era simples. Tímido.
Ela, por sua vez, era inconsequente e desmedida. Era confusa. Complicada.
Ambos eram únicos. Cada qual a seu modo.
Em uma noite, ela estava voltando para casa, triste. Mais um relacionamento estava acabado. Um violão suspirava baixinho. Era ele. Em frente à sua casa, numa cadeira velha, ele pensava na vida e tocava.
Ela sentou no chão ao seu lado, calada, e ali ficou. No silêncio da noite se ouvia o vibrar das cordas. E só. Depois de alguns minutos, uma voz doce disse - Obrigada.
Os dois se separaram. Ela levantou e saiu. Ele murmurou - Obrigado eu. E sorriu.
Fazia 3 anos desde a primeira vez que se viram. Não houve festa nem comemoração, mas uma despedida. Sentado no banco de trás estava ele, sério. Ela se aproximou e sorriu. Um sorriso falso, triste, mas era um sorriso.
Três anos. - Ela começou. - Três longos anos de uma amizade eterna...
E de um amor não-correspondido. - Ele completou.
O carro partiu. Ele partiu. Ela ficou ali, calada. E ali permaneceu.
E uma voz suave suspirou - Obrigado. E ele chorou.
Um comentário:
Bah, que às vera! :D
Te desse, meu querido. ;)
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