domingo, 9 de setembro de 2012
Soneto da bailarina torta
Vi um cisne cor-de-rosa pairando leve
envolto em imagens de um passado
Uma cigana destemida que já teve
seu coração por vezes maltratado
envolto em imagens de um passado
Uma cigana destemida que já teve
seu coração por vezes maltratado
E ela dança, e paira, e gira e roda
Uma lágrima escorre e ela nem nota
e voa ao longe da platéia entusiasmada
Fugindo de si, a bailarina torta
Uma lágrima escorre e ela nem nota
e voa ao longe da platéia entusiasmada
Fugindo de si, a bailarina torta
Pétalas deslizam em abraços partidos
Não há dor em seus olhos, não mais
Sem lembrar -por dançar- dos esquecidos
Não há dor em seus olhos, não mais
Sem lembrar -por dançar- dos esquecidos
Esconde sua ternura pra jamais
Tê-la entregada a um desenganado
E valseia, torta e triste, e em paz.
Tê-la entregada a um desenganado
E valseia, torta e triste, e em paz.
Todos os dias são diferentes. Sempre tem um lugar novo pra ir, pessoas pra conhecer, sonhos pra realizar. O sol acorda e nos convida a abrir os braços numa espreguiçada boa. Traz novidades, vontade de fazer alguma coisa de útil - ou inútil, embora nada seja realmente inútil -. Quando morre, dá lugar à Lua. E com ela, a noite nos chama pra conversas, cafés, filmes e muitos drinques. Dia e noite. Noite e dia. Depois tudo de novo e pra sempre vai ser assim.
Há quem prefira ficar deitado imaginando como o dia teria sido. Há quem durma cedo e não sinta o cheiro do orvalho às quatro. Há quem corra até o ônibus e dê bom-dia ao motorista, ao cobrador, à senhora com as sacolas de super-mercado. Há quem faça suas escolhas, independentemente do que é certo ou errado; apenas por ser de seu direito.
Viver é uma aventura diária.
Há quem prefira ficar deitado imaginando como o dia teria sido. Há quem durma cedo e não sinta o cheiro do orvalho às quatro. Há quem corra até o ônibus e dê bom-dia ao motorista, ao cobrador, à senhora com as sacolas de super-mercado. Há quem faça suas escolhas, independentemente do que é certo ou errado; apenas por ser de seu direito.
Viver é uma aventura diária.
Do sonho
Da vida, o sonho é escárnio trivial
Na morte achando o seu reinado
Para vivê-lo então desacordado
Livre, intenso e irreal
Na morte achando o seu reinado
Para vivê-lo então desacordado
Livre, intenso e irreal
Ai do sonho que se faz beleza
Nos olhos cegos e nas bocas
Faz-se menino em linhas tortas
E aponta triste sua miudeza
Nos olhos cegos e nas bocas
Faz-se menino em linhas tortas
E aponta triste sua miudeza
Pois se o sonho é por onde ando
E se sou escravo do prazer
Que digam o que estão achando
E se sou escravo do prazer
Que digam o que estão achando
Que façam mais do que querer
Não hei de hesitar ficar sonhando
Nem voar, chorar… viver
Não hei de hesitar ficar sonhando
Nem voar, chorar… viver
Da mágoa
Preparei uma caneca de café bem forte e bem quente. Fui até o quintal e olhei pro céu. Azul, tudo azul. E amarelo. Acendi um cigarro e deixei o calor invadir meu corpo. Voltei para dentro da casa e fui ao quarto. Abri uma gaveta com cheiro a mofo e olhei as miudezas espalhadas. O meu primeiro amor, alguns beijos esquecidos, aquela noite repleta de dor-de-dente… Pus a mão no bolso do paletó e tirei a minha angústia. Veio grudada nela uma mágoa velha e encardida. Joguei pra dentro da gaveta e tranquei rápido, antes que elas pudessem pular de volta pro meu peito. Passei a chave, dei três voltas na gaveta. Um sorriso. E pensei comigo mesmo Hoje não!
Minha
Era linda! Sem maquiagem, sem luxo, sem nada. Vestia um sorriso e despia a minha alma com os olhos. Era linda! Por dentro, por fora, por cima… Era realmente linda. E minha. Era minha! A minha linda!"
Jade
Ela parece essas atrizes francesas
Não se pinta ou se veste pra sair
Faz o tipo que se encontra por aí
Nos bares, deitada sobre as mesas
Fala pelos cotovelos, move-se inquieta
Vira criança quando vê o sol se pôr
Personifica o que eu chamo de amor
E me deixa sem fala, mas de boca aberta
Não se pinta ou se veste pra sair
Faz o tipo que se encontra por aí
Nos bares, deitada sobre as mesas
Fala pelos cotovelos, move-se inquieta
Vira criança quando vê o sol se pôr
Personifica o que eu chamo de amor
E me deixa sem fala, mas de boca aberta
Nas horas em que me perco, roto
É nela onde encontro abrigo
Faço do meu sonho, um amigo
E me vejo feliz, e quase morto
É nela onde encontro abrigo
Faço do meu sonho, um amigo
E me vejo feliz, e quase morto
Seu nome é um suspiro extasiado
O qual digo sozinho, enquanto distante
Do amor que me deu a vida novamente
- Jade, eu te quero do meu lado.
O qual digo sozinho, enquanto distante
Do amor que me deu a vida novamente
- Jade, eu te quero do meu lado.
Te amo
Eu te amo como o orvalho ama a doce chama da manhã
Amo tanto quanto o irmão distante ama a querida irmã
Amo tanto quanto o irmão distante ama a querida irmã
Eu te sinto como a chuva sente o arco-íris se formar
Sinto tanto e tanto, que me é tão difícil explicar
Sinto tanto e tanto, que me é tão difícil explicar
Eu te quero como o verão quer os novos anos.
Quero pequeno, simples, tenro, aos prantos.
Quero pequeno, simples, tenro, aos prantos.
A dama de ferro
Uma valsa cantava a alegria triste
A dama de ferro dizia ser forte
Rumava pro norte, em busca da cura
Sentia-se nua, quando encontrava
Uma flor orvalhada pelo caminho
Pegando o espinho, cheirando a rosa
Moça formosa que parece forte
Sofreu dum corte e pôs-se a chorar
Ao se molhar, ela s’encontrou
E a dama de ferro enferrujou
A dama de ferro dizia ser forte
Rumava pro norte, em busca da cura
Sentia-se nua, quando encontrava
Uma flor orvalhada pelo caminho
Pegando o espinho, cheirando a rosa
Moça formosa que parece forte
Sofreu dum corte e pôs-se a chorar
Ao se molhar, ela s’encontrou
E a dama de ferro enferrujou
Cidadão de papel
A balada da vida é às vezes cruel
O cidadão de papel com sua sacola
Via a escola, imaginando-se lá
Para criar algum texto bonito
Ir ao infinito num livro amarelo
Fazer um castelo com lápis de cor
Esquecer a dor do frio e da bruma
Sentir a espuma da praia nos pés
Mas ao invés do descanso na lua
O cidadão de papel dorme na rua
O cidadão de papel com sua sacola
Via a escola, imaginando-se lá
Para criar algum texto bonito
Ir ao infinito num livro amarelo
Fazer um castelo com lápis de cor
Esquecer a dor do frio e da bruma
Sentir a espuma da praia nos pés
Mas ao invés do descanso na lua
O cidadão de papel dorme na rua
O saudosista
Ao longe, uma bossa encanta o artista
O saudosista com o rosto salgado
Segue o embalo da noite de outrora
E se consola ao ver numa foto
O rosto torto e a expressão vaga
Do moço que paga por outra rodada
Sabe de nada, da vida e rotina
Ama a menina e esquece-se assim
Que lá no fim, mesmo otimista
A lembrança é o pão do saudosista.
O saudosista com o rosto salgado
Segue o embalo da noite de outrora
E se consola ao ver numa foto
O rosto torto e a expressão vaga
Do moço que paga por outra rodada
Sabe de nada, da vida e rotina
Ama a menina e esquece-se assim
Que lá no fim, mesmo otimista
A lembrança é o pão do saudosista.
O homem bom
Num samba de rua, o sorriso tem som
O homem bom, com sua mentira
Faz brincadeira, aproveita a vida
Logo em seguida, põe-se a chorar
Vê ao luar, seu amor proibido
O doce castigo que é esquecer
Todo o querer e toda saudade
De falar verdade e ouvir o eco
Chega mais perto, a voz vai partindo
E o homem bom acaba mentindo
O homem bom, com sua mentira
Faz brincadeira, aproveita a vida
Logo em seguida, põe-se a chorar
Vê ao luar, seu amor proibido
O doce castigo que é esquecer
Todo o querer e toda saudade
De falar verdade e ouvir o eco
Chega mais perto, a voz vai partindo
E o homem bom acaba mentindo
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