sábado, 12 de dezembro de 2009

Batidas a porta

Um dia de chuva me inspira de uma tal maneira a escrever. Talvez por nao ter mais nada pra se fazer. Acho que hoje eu vou postar muita coisa aqui. Tudo bem que ninguem le, mas nunca exigi leitores... *-*

Primeiramente uma leve introducao. A cronica que apresento agora é quase metalinguistica. Assim, eu sempre achei interessante as profissoes ligadas a arte porque sao estas que dao maior paixao, creio eu, a pessoa que as pratica. E alem de uma profissao, isso vira um estilo de vida.
Eu reconheco um ator, um comediante, um escritor de longe, porque eles (nos) vivem de uma maneira diferente.
Os comediantes sao, em maioria, ironicos e sarcasticos. Mas podem ser bem reservados.
Os atores sao bastante imaturos, as vezes. Gostam de se mexer, de pular e de rir.
Os escritores, bem, nos somos muito reservados, timidos e solitarios. Muitas vezes desenvolvemos alguns transtornos psicologicos. Mas, em maioria, somos cultos e inteligentes. Hehehe!
Aqui vai uma cronica que mostra bastante a vida de um escritor fracassado desiludido. Espero que gostem!
Toc, toc. Batidas a porta. A campainha berra, eu estou na cozinha servindo um vinho. Tinto, sem gelo.

Toc, toc. Batem de novo. Quem sera a essa hora? Nove horas da madrugada. Um sol lancinante brilhando. Quem seria o louco a sair de casa para vir me visitar?

Largo o copo sobre a mesa. Uma gota solitaria pula para fora e mancha minha toalha branca. Droga. Quando eu for lavar, vai ficar rosa (a mancha). Odeio cor-de-rosa. Meu cigarro ainda esta nos dedos. Vou ver quem sera.

Antes de chegar a porta da cozinha, um desespero toma conta de mim. Sera hoje?

Sera que vai acontecer logo hoje? Logo hoje que eu nao estou de roupa limpa, nem tomei banho. Hoje que o cafe desceu amargo e nao sinto vontade de nada.

Hoje a morte veio me conhecer?

Logo hoje...

Ou sera que nao. Talvez seja apenas o vizinho pedindo algo emprestado. Um copo de acucar, um pouco de sal, talvez um litro de leite, ou um copo de vinho. - Ah, meu vinho!

Volto a mesa e pego de volta o copo. Bebo. Espera, eu nao tenho vizinhos!

Pode ser alguem pedindo abrigo. Um mendigo que perdeu sua moradia depois que uma casa abandonada fora demolida. Perdido nesta noite de chuva e tempestade. Um vagabundo vagando solitario no frio dezembro. Mas esta dia, faz calor, o sol brilha no alto indiferente ao meu humor cinza. E estamos em maio.
A campainha berra. Quem pode ser? Algum editor procurando um romancista para publicar o seu humilde trabalho? Nao. Isso aconteceu semana passada. Eu o dispensei.
Meu cigarro cai no copo de vinho e apaga. Vou em direcao a porta e a abro. Desesperado para saber qual visita poderia me fazer companhia naquela casa melancolica.
Um gato preto. O meu gato preto. Entra sem me cumprimentar. Passa por entre as minhas pernas e pula na mesa.
Dou um passo para fora. Nao ha ninguem mais por ali. Foi o bichano que bateu a porta.

Sera que ele conseguiu bater a minha porta. Mas como? E a campainha? Eu ouvi uma campainha, tenho certeza disso.

Minha casa tem campainha?

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