sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Monólogo O Menino


Cadê?

Onde foi parar?

O meu sonho. O meu mundo. Minha vida?!

Onde será que pode estar.


A natureza se tresloucou. Modificou, e agora?

Que destino nos aguarda...

Eu?

Eu tenho uma guia no pescoço e uma imagem de um sábio guardada no meu quarto.

Só isso, nada mais.

Ah, sim. Tem sim. Eu guardo lembranças.

Minha maior riqueza, na memória. A infância.

Hoje história.


Mataram inocentes, destruíram as esperanças.

E agora?

Cadê?

Onde foi parar aquele menino que sonhava em ser músico.

Encantar platéias e transpassar mensagens.

Será que já se foi?

Ou estará guardado em algum lugar do espaço.

No infinito das lembranças, será?


Não sei bem o que saber.

Acho até que aquele menino espera o dia em que renascerá.

Será?

Aquele menino queria ter filhos, ensinar, brincar, viver.

Hoje, eu, homem vivido, não quero.

Não. Mais um ser na amplidão, na escuridão...

Na solidão, sem ter pra comer um pão.

Então?


E agora?

Eu te pergunto, e agora?

Não. Você não tem as respostas.

Que eu tanto busco, em vão.

Sim. Você pensa diferente de mim.

Mas compare minhas palavras.

O que mudou?

Nada mudou?

O quê, então?


Sei não.

Acho que o tempo é mestre.

E o homem é Diabo.

As pobres criaturas inocentes

Aqui hoje delinqüentes

Serão testemunhas de um ato

Revolucionário, atitudes de escravo.

Intitulados, amados pelos seus

Derrubados como pigmeus

Por rosas e frases de amor.


Aí sim, o menino se reerguerá das cinzas

Feito Fênix arrependida

De ter perdido a fé no povo.

E brilharão os olhos de novo

Plenas de paixão pelo céu de anil

Que ressurgirá da escuridão, enfim.

E gritarão as cores do pendão

- Justiça! Pela raça do Brasil.

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